domingo, 1 de junho de 2008


ENTREVISTA AOS YOU SHOULD GO AHEAD

O Guru esteve numa esplanada Lisboeta com a Inês Vicente e o Pedro Lourenço dos You Should Go Ahead, banda fundada em 2005.
Com o segundo álbum “Emotional Cocktail”, já a circular, os YSGA são já uma das maiores promessas da musica nacional.
http://www.myspace.com/ysga


GURU- De Onde surge o nome You Should Go Ahead?

Inês Vicente -Andávamos á procura de um nome, havia alguma discussão uns queriam uma coisa, outros queriam outra, até que o Tiago Salsinha enviou uma mensagem a dizer “You Should Go Ahead”(só um ano depois soubemos que ele tinha estado a ouvir uma música dos Guano Apes em que ela cantava isso), e pareceu adequado.

GURU-Vocês aparecem pela primeira vez no TMN Garage Sessions, como decidiram participar e como nasceu o projecto?


Pedro Lourenço- Eu já tocava com o David Ferreira noutro projecto, depois ficámos sem baterista, fizemos uma pausa, e ao regressarmos decidimos criar um projecto diferente do anterior, numa onda de rock dançável. Começámos então á procura de baterista e á terceira Jam com o Tiago decidimos reservar o estúdio, e ao fim do mês já tínhamos a primeira Demo da qual fazem parte alguns temas do primeiro álbum como o single “Like I was Seventeen” que aliás eu e o David já tocávamos em algumas “brincadeiras” ainda nos tempos do primeiro projecto.

IV- Relativamente ao TMN Garage Sessions, a banda não surge do concurso contudo este foi importante na medida em que foi a primeira coisa que nos deu visibilidade e foi também importante não termos ganho (risos).

GURU-Qual foi a sensação dos primeiros tempos, enquanto a banda dava os primeiros passos?

PL- Todos nós tínhamos alguma experiência e já não nos sentíamos uns miúdos. Claro que agora olhando para trás vemos que éramos uns miúdos e provavelmente daqui a 10 anos vamos achar que em 2008 éramos uns miúdos.
Sentíamo-nos bem e acreditávamos que era possível fazer qualquer coisa em Portugal, se calhar se fosse hoje desistíamos já (risos).

IV- Por outro lado, apontávamos metas e definíamos objectivos, que custasse o que custasse iríamos concretizar fosse com quem fosse.
Porque na altura se fecharam muitas portas que pensávamos que estariam abertas, mas isso não nos fez desistir antes pelo contrário, se fosse preciso irmos nós sozinhos á luta, iríamos tal como fomos, o caminho não foi fácil mas com vontade tudo se alcança.

PL- Nos tínhamos ideia do que queríamos, e uma espécie de sonho que era ter uma banda estável que pudesse tocar e se pudesse mostrar, acabando com aqueles projectos em que se passa muito tempo a ensaiar para ir a alguns concursos e que depois acabam por não resultar em nada.
E queríamos concretizar esse objectivo, nem que para isso tivéssemos de ser nós a fazer tudo, podíamos inclusivamente ter editado o nosso primeiro álbum por nós, mas felizmente as coisas correram melhor.

GURU-Vocês já dividiram o cartaz com grandes bandas mundiais como Bloc Party, The Strokes, Prodigy. Qual é a sensação?

PL-É fixe, o que eu gosto mais é o flyer que tenho do creamfields, porque o nome aparecesse mesmo grande, porque é muito comprido e aparece como quinto maior nome (risos).
Mas gostamos de partilhar e tentamos sempre dar-nos a conhecer. Porque é importante irmos assumindo alguma importância, apesar da tendência ser para nos sentirmos retraídos mas com uma ou duas cervejas isso passa (risos).

GURU-Que bandas vos influenciaram para esse Rock dançável?

PL- Essencialmente as bandas dos anos 80, tanto eu como o David pertencemos á geração em que os irmãos mais velhos ouviam New Wave como Duran Duran etc.
Por outro lado o movimento revivalista que surgiu motivou-nos a querer integrá-lo, bandas como por exemplo Franz Ferdinand que romperam com aquela ideia de música “bem tocada” e menos alegre, que marcava a crise do pop rock dos finais de anos 90. Esse aparecimento de bandas mais alegres e descontraídas motivou-nos.

GURU-Qual o Feedback do vosso novo Álbum?

IV- Ele foi lançado há pouco tempo. As principais reacções têm a ver com o formato (Cd+Vinil) com muita gente a adorar a ideia. Quanto ao som as pessoas dizem-nos que este álbum é muito melhor que o outro, mais coeso, mais coerente. Contudo ainda não temos um numero de criticas suficientes para fazer um balanço.
Por outro lado, o feedback reflecte-se mais nos concertos, onde percebemos a receptividade das musicas, e ainda faltam muitos acontecerem.

GURU-Qual a importância da Internet como forma de divulgação de uma banda como a vossa?

PL- Muita, Quase toda! (risos)

IV- A Internet tem a vantagem das pessoas poderem aceder aos conteúdos gratuitamente, podendo analisá-los antes de se tornarem consumidoras.
Nos por exemplo no myspace tentamos a divulgação adicionando amigos e amigos dos amigos, sendo um meio de promoção que dá ás pessoas a opção de verem se quiserem despendendo o tempo que quiserem. Sendo o factor principal, sem duvida, e falando de um publico jovem o facto de não ter que se pagar.

GURU-Sentem-se prejudicados pelos Downloads “Ilegais”?

PL- o discurso das bandas mudou de hás uns tempos para cá, antes tínhamos que dizer que dizer que os downloads nos prejudicavam, actualmente temos perfeita consciência que são os downloads que levam as pessoas aos concertos

IV- Obviamente, que gravar um novo álbum se torna mais complicado visto que as vendas não justificam o pagamento de um estúdio ou de um videoclip, mas também temos consciência que se não fossem os downloads muitas pessoas não nos conheciam, logo não teríamos tantos concertos que acabam por equilibrar.
Por outro lado ainda estamos numa fase em que é mais importante que as pessoas nos conheçam do que comprem álbuns.

PL- Nós não temos com a editora um contrato convencional, trata-se de um licenciamento. Ou seja é como se nós fossemos a nossa própria editora e permitimos que uma editora esteja a editar o nosso disco e a promovê-lo contudo nós é que somos os produtores, nós é que investimos o dinheiro do estúdio, nós é que investimos o dinheiro do videoclip, e por isso temos alguma legitimidade para dizer que os downloads ainda que ilegais acabam por vezes, por ser vantajosos para nós.
Assim a venda de discos é irrisória sendo a fonte de dinheiro maior, os concertos.

GURU-Os YSGA cantam em inglês, qual é a vossa opinião sobre a controvérsia da musica portuguesa cantada em inglês?

PL- Há portugueses que cantam em português, e cantam bem e há portugueses que cantam em português e cantam mal. E com o Inglês passa-se a mesma coisa. Eu pessoalmente gosto de musica que seja bem feita quer em português quer em inglês.
Para nós foi uma opção pessoal, eu nunca cantaria em português, porque não quero e não gosto, acho que esteticamente estraga. Da mesma forma que usamos guitarras com distorção ou a bateria com determinado tipo de som, acho que a voz em português não encaixaria. Eu gosto de falar português (risos), mas quanto mais pudermos tocar no estrangeiro melhor. Nós já tocámos fora e não é a cantar em português que se toca fora de Portugal, a não ser que se cante fado.

IV- Mais que uma questão de filosofia, por trás disto está uma questão estética da música, não é nada contra o português antes pelo contrario.


GURU-Como descrevem a vossa música?

PL- Um cocktail emocional (risos)

IV- É um bocadinho esquizofrénico, no sentido em que algumas musicas são frenéticas e outras musicas têm a face oposta.
Uma das coisas que me agrada nesta banda é mesmo a liberdade de podermos ir de um espectro ao outro não havendo um canal muito definido e termos por isso a liberdade de fazermos o que nos apetece sendo este álbum um pouco o reflexo disso. Ao longo dele passamos de uma disposição para outra o que é um bocadinho o espelho das nossas vidas, é aquilo que somos e sentimos na altura em que estamos a tocar.
Sendo assim a nossa música resultado das quatro disposições momentâneas.

PL- Um pouco como os maníaco-depressivos que mudam de humor ciclicamente (risos)

GURU-Falando um pouco dos vossos videoclips, de onde surgem as ideias?

PL- Geralmente e com excepção do videoclip de “Like When I Was Seventeen” as ideias não partem de nós, pois damos liberdade ás pessoas que os fazem de fazerem aquilo que queriam. Mas limamos sempre as arestas para evitar fazer papeis ridículos mas acabamos sempre por os fazer (risos).

GURU-Por fim o que esperar dos YSGA para o futuro?

PL- Concertos, muitos concertos.

IV-A ideia agora é apresentar todo o novo material ao vivo e melhorar ao máximo as actuações ao vivo.
Mais que tudo podem esperar que sigamos em frente… (risos)


A Inês Vicente e o Pedro Lourenço com o Guru.


Obrigado aos You Should Go Ahead pela entrevista.

Texto e Fotografia por Rafael Martinez Cláudio.

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