domingo, 1 de junho de 2008


ENTREVISTA AOS CINEMUERTE

O Guru esteve num dos belos jardins de Lisboa com Sophia Vieira e João Vaz dos Cinemuerte, para uma entrevista marcada pela simpatia e humildade dos dois.
Com novo álbum(Aurora Core) para sair em Setembro, os Cinemuerte pretendem alargar ainda mais o seu grupo de fãs.
http://www.myspace.com/cinemuerte

Sophia Vieira e João Vaz

GURU- Qual é a origem do vosso nome?

João Vaz- O nosso nome não tem nenhum significado especial. Foi um nome ‘roubado’ ao Festival de Cinema Internacional de Terror , talvez por, mais a Sophia do que eu, sermos cinéfilos.

GURU- Como foi a transição do vosso projecto anterior, os NUA, para os Cinemuerte?

Sophia Vieira- O Projecto dos NUA durou quase uma década e foi uma escola para nós, porque aprendemos praticamente tudo o que uma banda precisa para o que se segue. Os NUA utilizavam instrumentos clássicos, portanto a transição para Cinemuerte foi algo completamente diferente, porque aqui somos só os dois que fazemos praticamente tudo, mas tem sido bastante positivo, porque há um grande encaixe entre nós.
Os NUA chegaram a um ponto em que estavam bastante bem, mas é nestas alturas que as bandas ou dão um passo em frente ou acabam, e foi isso que aconteceu, acabaram (risos).

GURU-Após a ‘morte’ dos NUA, como é que decidiram seguir em frente com outro novo projecto?

JV- Nós pretendiamos continuar a fazer música, e como já nos conheciamos decidimos criar este projecto, que são os Cinemuerte.

SV-Também foi uma decisão baseada na irracionalidade (risos), nós não pensámos sequer se iria funcionar ou não, decidimos tentar e depois logo se via, e acho que muitas vezes as coisas começam assim.

GURU- Como foi partilhar o mesmo espetáculo com os HIM, My Chemical Romance e no caso da Sophia, os Moonspell?

JV-O concerto de HIM foi a estreia absoluta e como tal foi muito importante, porque implicou uma grande responsabilidade.

SV-Eu acho que foi um óptimo sinal para a nossa carreira, porque a decisão de ter aberto o concerto de HIM também passou pela banda, eles ouviram vários projectos e escolheram-nos a nós. Esse feedback foi para nós muito importante, sermos escolhidos por alguém já com um certo estatuto.
Fomos também muito bem recebidos em My Chemical Romance.
A nível pessoal, ter partilhado o palco com Moonspell foi fantástico, porque eles estão a um nível que não é muito comum em Portugal. Tem sido uma escola brutal.

GURU- De onde vem a vossa mais directa inspiração, a nível pessoal?

JV- De tudo, de uma conversa, de um visionamento de um filme, nos transportes públicos. Não há uma fórmula ciêntifica para isto, depende das circunstâncias.

SV- Para mim, o cinema a todos os níveis, a fotografia, as cores, as personagens e as próprias bandas sonoras que colecciono (risos). E também, a história da minha vida, que tem sido um misto de dor e de loucura, que vai influênciar tudo aquilo que se faz, porque a música é uma forma de expressares aquilo que és, e aquilo que és é resultado daquilo que foste e daquilo que ambicionas ser (risos).

GURU- Como foi, agora passado algum tempo, a aceitação do público face ao vosso primeiro disco?

JV- É um balanço bastante positivo. O disco em si abriu-nos as portas para podermos fazer os espetáculos que fizemos, sem o disco nunca teriamos conseguido nem metade das coisas que conseguimos até agora. Eu acho que, apesar de tudo, a edição de um disco ainda continua a ser um dos principais meios de puderes divulgar o teu trabalho.

GURU- Em relação a esse disco, qual foi o vosso campo de mercado?

SV-Nós tivemos um feedback muito estranho, porque tivemos participações em compilações(ex: Misfits, The Cure), que chegaram a continentes diferentes e isso fez-nos atingir um certo mercado, como o americano, também tivemos pedidos de Espanha. Essas participações fizeram com que as pessoas se interessassem e quisessem depois comprar o disco original, “Born From Ashes”.
Não tivémos distribuição directa no estrangeiro, mas tivémos vários pedidos através da internet. Tivemos até um pedido de uma rapariga, que queria introduzir o “Stuck in a Moment” numa compilação do Dubai (risos).

GURU- Falem-nos um pouco do novo disco.

SV- É para ser lançado em Setembro, as pessoas vão ter que aguardar mais um bocadinho, nomeadamente nós, que também nos custa bastante esta espera.

JV- O trabalho tem corrido bem, neste momento estamos só a finalizar os últimos pormenores para depois entregarmos o trabalho completo para ser misturado e masterizado ao Waldemar Sorychta, que já foi produtor de Moonspell, Lacuna Coil, Tiamat, Samael. Temos mais algumas surpresas, mas vamos aguardar ainda mais um bocadinho (risos).

SV-Chama-se “Aurora Core”, é composto por nove faixas, tem convidados especiais, que também vamos guardar como surpresa. Escapa um bocadinho à sonoridade do primeiro disco, este está mais rock, mas quem ouve este novo disco apercebe-se logo que é Cinemuerte, há sempre uma identidade.
O álbum estava agendado para Julho, mas existem timings no mercado discográfico e há fases mais mortas que outras, por isso lançar o cd agora seria um suícidio, só a partir de Setembro é que o mercado volta a nascer.

GURU-Como é feita a escolha dos membros para tocarem ao vivo?

JV-Neste novo trabalho, em príncipio, iremos manter um elemento, que é o Tiago Menaia que é guitarrista e tocou connosco nos espetáculos ao vivo do “Born From Ashes”.
O nosso objectivo inicialmente era manter o núcleo, que somos nós os dois, e depois teriamos músicos convidados que participariam connosco conforme as necessidades.
Neste momento estamos a tentar alterar um bocadinho as coisas, estamos à procura de um baterista, vamos também incluir mais um guitarrista na banda e por enquanto vai ficar assim.

GURU-Como é que vêem a música nacional actualmente?

SV-Eu acho que há uma nova geração de de talentos em Portugal que é fantástica, e os bons ficam.
Eu defino um músico não aquele que só faz música quando tem sucesso, mas sim quando mesmo com dificuldades não se deixa ir a baixo e tenta progredir. Nós temos objectivos, mas se não os alcançarmos nós continuamos.
Cada vez há mais informação, a juventude de hoje tem mais recursos.

JV-Como músico, acho que só consegues evoluir se te conseguires aperceber do que se passa à tua volta. Há bandas nacionais fantásticas e acho que não devem mesmo nada ao que vem do estrangeiro.

SV-Não é para ser negativista, mas acho que as bandas portuguesas estão sempre um bocado condenadas à pequenez do país, que tem salários muito baixos.

JV-O mercado é muito pequeno, a concorrência é muito grande e o mercado lá fora é muito grande, mas a concorrência ainda é maior (risos).
Muitas vezes não chega ser bom e ser empenhado, tem que se ter uma estrelinha, tem que haver o factor sorte.

GURU-Como têm um nome estrangeiro e cantam em Inglês, são uma banda pensada também para apostar no mercado estrangeiro?

SV-Sim, foi pensado assim, porque em português é mais complicado, apesar de não ser impossivel. Há também o factor da fonética, eu gosto imenso do português, mas em termos musicais o inglês é muito mais ‘dançante’.
Já me disseram que a nossa sonoridade não parece portuguesa.

JV-Quando nós dizemos que foi pensado assim, quer dizer que foi montada uma estratégia, porque resulta melhor em inglês do que em português.



Sophia Vieira e João Vaz com o Guru.


Texto por João Fernandes, fotografia por Rafael Cláudio.

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