domingo, 1 de junho de 2008

O OUTRO LADO DOS FESTIVAIS

Iron Maiden, Rage Against The Machine, Sex Pistols ou Bob Dylan são os nomes que logo associamos aos festivais de Verão deste ano em Portugal, mas quando vamos a um qualquer site de Internet ver quem mais actuará no dia em que vamos ver os Rage Against The Machine, por exemplo, deparamo-nos com uma lista de nomes pouco ou nada conhecidos no grande público. Boas e por vezes excelentes bandas que por um motivo ou outro acabam por não merecer a atenção do grande público. Falo por exemplo dos Hercules and Love Affair que irão actuar no Alive!08. São uma banda electrónica que conta com a voz muito anos 20 de Antony Hegarty, mais conhecido pelo seu trabalho na banda Antony and the Johnsons, mais uma vez um nome que não saltará ao ouvido. No entanto se ouvirmos o single Blind dos Hércules and Love Affair rapidamente reconhecemos a sua voz. É isso que se passa com a esmagadora maioria das tais bandas desconhecidas de festivais. Não conhecemos o nome, mas se ouvirmos uma música que tenha chegado a passar algumas vezes na rádio logo as reconhecemos, como acontece com a voz de Antony Hegarty. Os MGMT são outra banda cujo nome não é sonante, e no entanto o seu refrão já aparece em promos da Mtv2. E já que falo por siglas, refiro também os MSTRKRFT. Leia-se Master Kraft, a banda tecno e electro punk actuará também no Alive e conta já com alguns singles de 2006, que poderão vir a ser reconhecidos por quem espera ver Neil Young no mesmo dia, como Easy Love. Partamos agora para os autênticos festivais de Verão, Paredes de Coura e Sudoeste, onde realmente abundam as bandas desconhecidas. Principalmente neste último, mas já lá iremos. Em paredes de Coura são dignos de relevo os The Mae Shi, a banda de punk experimental, já com um grupo de fans suficientemente grande para garantir a venda de alguns bilhetes apareceu em 2004 com o álbum Terrorbird. Não são a banda mais convencional antes pelo contrário, mas o seu punk original e imprevisível é sem dúvida uma experiência diferente. Também em Paredes de Coura vão estar os The Long Blondes. O seu Indie é influenciado por Punk e New Wave, e pop dos anos 60 e contam já com 2 albuns, de relativo sucesso em Inglaterra. Antes de sair de Paredes não posso deixar de fazer referência aos portugueses Wraygunn, que se continua por perceber onde anda o seu reconhecimento. Quem ouve a sua música rapidamente afirma qualidade, e quando revelamos que são portugueses o ouvinte nem quer acreditar. Soul City é já um hino, Love Letteres From a Muthafucka a total extroversão e Go Go Dancer a festa da dança onde não falta Gospel, Blues e grandes guitarradas com toques de reminescência. O ano passado foram uma das melhores bandas no Sudoeste e este ano com muitas dificuldades serão batidos pelos Sex Pistols. E é para combater esta incoerência que a Guru visa apoiar e engrandecer as bandas portuguesas, que só por cá terem sido criadas, são sombreadas por nomes claramente de menos qualidade como os Pigeon Detectives que actuarão depois dos Wraygunn. Vamos então dar uma olhadela ao cartaz da Zambujeira do mar, e a verdade é que nos cerca de 50 nomes já confirmados talvez 10, se tanto, são reconhecidos pelo festivaleiro casual. The Most Wanted, Make Model, Melee, Júnior Boys ou Cut Copy são apenas alguns dos nomes pertencentes ao gigante lote de desconhecidos do Sudoeste. Nem todos são bons, verdade seja dita, mas alguns são dignos de destaque. Os Cut Copy são um desses nomes. Misturando electropop com Punk prometem um espectáculo alucinogénico e altamente dançável. Outra banda de destaque são os Fat Feddy’s Drop, que surgem em 2001 com o estilo de música que o Sudoeste mais pede: uma fusão de reggae, jazz e soul, num resultado que se traduz em qualidade. Por último uma referência ao recém surgido, mas já muito falado Sam Sparro. O cantor/escritor australiano irá apresentar o seu álbum homónimo de soul com alguns sons funk, que resultam em melodias agradáveis, lembrando nalgumas áreas Patrick Wolf e noutras Sean Riley and the Slowriders. Este outro lado dos festivais muitas vezes desconhecido acaba por ser uma bênção para quem procura alternativas aos movimentados cabeças de cartaz acabando em palcos secundários vazios onde se escondem grandes bandas, recentes é certo, mas provavelmente com uma carreira ainda por descobrir e explorar, que proporcionam música actual muitas vezes rejeitada por ser demasiado diferente do habitual. Felizmente os festivais portugueses, e agora infelizmente pois talvez estejam motivos financeiros por detrás, continuam a trazer nomes pequenos a juntar aos cabeças de cartaz de forma a garantir variedade e muitas horas de espectáculo. Palmas para todos, excepto para o ultra-comercial Rock in Rio, que por vezes também faz falta, nem que seja por trazer Offspring ou Apocalyptica, que acabam por actuar por baixo dos que mais aparecem no Top+.

David Bernardino

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